segunda-feira, 28 de maio de 2012

O mais querido Sem jogo, comemoração foi nas ruas


Com Série C suspensa, tricolores celebraram bicampeonato com uma carreata (Foto: Paullo Allmeida)

No início da semana, o roteiro da torcida tricolor indicava somente um caminho. Na programação anteriormente prevista, o Estádio do Arruda seria o principal destino dos adeptos corais ontem, e a intenção da visita seria marcar presença no jogo contra o Guarany de Sobral, que iria dar início ao Campeonato Brasileiro da Série C. Mas a paralisação da Terceira Divisão, confirmada pela CBF na quarta-feira passada, fez que, de forma imediata, os dirigentes do Santa Cruz marcassem outro grande evento para ocupar o lugar da partida suspensa. A carreata em comemoração ao bicampeonato estadual aconteceu ontem e alegrou o final de semana do torcedor tricolor.
Até porque poucas pessoas sabem comemorar assim como os torcedores corais. João Luís e Victor Valença, por exemplo, são dois apaixonados pelo Santa Cruz. Para representar o tamanho deste amor ao clube, pai e filho seguravam em mãos uma bandeira de extensão quase quilométrica. “Esta bandeira nos acompanha para todos os lugares que vamos, e olhe que em tudo quanto é jogo do Santa Cruz nós estamos”, confessou Victor, o futuro herdeiro do manto.
O jovem ainda ressaltou que o bandeirão está junto da família desde 2005. Ou seja, ele se fez presente na pior época do futebol tricolor, quando a equipe acumulou três rebaixamentos consecutivos, entre os anos de 2006 e 2008. Contudo, também presenciou momentos de sucesso, como os três títulos estaduais (2005, 2011 e 2012) e o acesso à Primeira Divisão do futebol nacional (2005).
No entanto, a celebração não se limitou somente ao tremular das flâmulas. Milhares de pessoas trajadas em preto, branco e vermelho invadiram a cidade do Recife, tanto utilizando seus veículos de transporte convencionais, em motos e carros, como também fugindo do usual, em cima de trios elétricos, de bicicleta e até caminhando. Ronaldo Pessoa foi um dos guerreiros a encarar o trajeto da forma mais cansativa: “Este ano, estou de bicicleta. Ano passado, fui a pé o caminho todo”, ressaltou o vendedor. Para andar do bairro do Arruda, passando por toda a extensão da avenida Agamenon Magalhães, até Boa Viagem, além de ter um ótimo preparo físico, o torcedor tem que ser disposto. “Disposição não falta. Ainda mais quando é para comemorar um título em cima do Sport. O papai virou mamãe! O Sport vai ser hexa, faltam só quatro vices”, ironizou Ronaldo.
A carreata passou por vias movimentadas da Cidade, como a avenida Beberibe, Estrada de Belém, a avenida Agamenon Magalhães e avenida Boa Viagem. Ao passar por estes locais, as pessoas nas ruas foram testemunhas de quão intensa foi a comemoração dos torcedores do Santa Cruz.
No entanto, nem tudo foi alegria. Alguns incidentes acabaram prejudicando o evento que, supostamente, deveria ser somente de celebração. Na comunidade do Bode, no bairro do Pina, os moradores descarregaram armas de fogo contra um dos trios elétricos. Os policiais da Rocam, que chegaram posteriormente, ainda tentaram encontrar os atiradores, mas sem sucesso. Já na Agamenon Magalhães, um torcedor do Sport começou a fazer gestos em alusão à Torcida Jovem e acabou sendo alvo de alguns objetos atirados por tricolores. Felizmente, em ambos os incidentes, ninguém ficou ferido.
No lado negativo, ainda há de se ressaltar uma certa desorganização na carreata em si. Quando o primeiro trio elétrico já estava no meio da Estrada de Belém, o segundo vinha no meio da avenida Beberibe, cerca de 1 quilômetro de distância. Enquanto isso, na Agamenon Magalhães, a comitiva do presidente Antônio Luiz Neto já seguia para Boa Viagem, acompanhada de uma pequena parcela de carros.
Entretanto, para a torcida tricolor, os destaques negativos são meros detalhes. O sentimento de êxtase causado pela conquista do bicampeonato estadual realmente ficou evidenciado de uma forma muito intensa. E os torcedores tricolores foram unânimes em afirmar que a comemoração não acabou ontem: vai durar, pelo menos, até o final do ano.

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