Dênis ainda não tinha sido artilheiro de um estadual e nem feito gols em clássicos (Foto: Marcos Pastich)
DANIEL GOMES/FOLHA PE
Você traria para o seu time um jogador que está há mais de 540 dias sem jogar? O motivo não era contusão, nem nada do tipo. A parada foi proposital, porque a alegria de jogar futebol tinha sumido. O Santa apostou e trouxe Dênis Marques. O mesmo que tinha brilhado pelo Atlético/PR, mas naufragado no Flamengo. A esperança era que os ares do Arruda inspirassem o atacante. A camisa 9 acabou achando o seu dono.
Mesmo com o longo período inativo, Dênis topou o desafio. Vestiu as cores corais sob os olhares de desconfiança, afinal, como apostar em um jogador sem ritmo, que há mais de um ano nem na bola tocou?
“A opção por ficar parado foi minha mesmo. Tive problemas particulares e resolvi curtir a minha família, meus amigos mais próximos. Nem pelada eu jogava, não tinha cabeça para atuar, para jogar futebol. O Santa tentou me trazer desde 2011, mas eu não queria. Mas agora eu estou feliz e agradeço ao Santa Cruz, que hoje representa tudo para mim”. Essas palavras, do próprio atacante, resumem bem como foi todo o processo desde a saída do Flamengo até a chegada ao Arruda.
Com todos os fatores contando contra uma passagem apagada, ainda somou-se o fato da estreia só ter acontecido na oitava rodada. Depois de um ano e meio, Dênis Marques voltava a atuar em uma partida oficial. Antes mesmo dos 90 minutos se encerrarem, o camisa 9 deixava o gramado e sentava no banco de reservas. Mas o que tinha acontecido dentro das quatro linhas foi impecável. Os três gols marcados contra o Porto, no Arruda, mostravam que o faro de gol não estava morto.
De rodada em rodada, Dênis Marques foi construindo uma realidade bem diferente da vivida assim que deixou a Gávea. Os 15 gols foram construídos de maneiras decisivas e a própria final foi uma prova disso. Ele ainda não tinha sido artilheiro de um estadual e nem feito gols em clássicos. Em um golpe só, traduzido em um arremate com o pé direito na final, o atacante conseguiu as duas coisas, além de coroar tudo com o bicampeonato pernambucano. A bola na rede era o que faltava, tanto para Dênis como para o Santa.
“Esse título significa muito para mim. A minha volta aconteceu, de fato”, disse Dênis. Agora, resta ao Santa Cruz segurar o seu artilheiro, pois a Série C do Brasileiro está por vir. O maior objetivo do Santa em 2012 é o acesso no Nacional e isso não é segredo para ninguém. Diante disso, é necessário que o “Predador” esteja afiado e faminto no restante do ano. Dênis já provou que o tempo não é problema.
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