A apresentação do sistema biométrico, por meio do qual o eleitor é identificado através da sua digital no momento da votação, causou polêmica ontem Caruaru.
É o que revela matéria assinada pela repórter Aline Moura, publicada na edição desta quarta-feira do Diario.
Segundo a reportagem, o lançamento da novidade naquele município do Agreste dividiu opiniões entre as lideranças políticas locais. A solenidade ocorreu na Câmara Municipal.
A resistência de algumas pessoas à identificação digital nas urnas teve explicações: a cidade tem pouco mais de 196 mil eleitores e estava quase no grupo das que podem disputar o segundo turno – aquelas com 200 mil.
Com as alterações e o risco de abstenção na hora do recadastramento, que será obrigatório, tudo pode ficar como está.
Isso tenderia a facilitar, segundo os opositores, a reeleição do prefeito José Queiroz (PDT). Pleitos com apenas um turno eliminam muitos concorrentes e exigem menos acordos e alianças.
Embora o novo sistema de votação seja irreversível, como afirmou o corregedor do Tribunal Regional Eleitoral, Saulo Fabianne, houve protesto de alguns vereadores e até uma carta aberta dirigida ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski.
O texto foi distribuído no plenário da Câmara na presença de quase todos os ´caciques políticos` da cidade. ´Estamos a poucos eleitores do tão sonhado segundo turno.
Logo agora, que assumiríamos a maioridade eleitoral, o TSE decidiu que Caruaru terá os títulos eleitorais cancelados e o recadastramento`, reclamou Rivaldo Soares (PMDB), pré-candidato à prefeitura.
O presidente da Câmara de Vereadores, Licius Cavalcante (PcdoB), também chegou a dizer que a mudança deve ´cassar` o direto de quase 30% dos eleitores do município.
Para ele, a justiça eleitoral pode não ter tempo hábil para recadastrar todos os eleitores de Caruaru. O prazo limite para os novos registros vai até o dia 03 de maio de 2012. “Essa mudança pode cassar de 20 a 30 mil eleitores, especialmente aqueles que moram nos lugares mais distantes. Solicito, portanto, quer sejam feitos mutirões para que esse problema não aconteça”.
Para o vice-prefeito Jorge Gomes (PSB), que representou o prefeito José Queiroz, a exigência de impressões digitais é o que há de mais avançado nas eleições.
“Sabemos o quanto custou a este país a democracia. E aqueles que não temem à democracia, não temem o voto biométrico’, pontuou.
O recadastramento alcançará, no primeiro momento, 100% do eleitorado dos estados de Sergipe (1.412.179 eleitores) e de Alagoas (1.919.122 eleitores).
Também contemplará todos os votantes das capitais Curitiba-PR (1.311.181 eleitores) e Goiânia-GO (908.050 eleitores) e das cidades paulistas de Jundiaí (270.861 eleitores) e Itupeva (27.364 eleitores).
O processo alcançará ainda o eleitorado dos municípios pernambucanos de Aliança, Caruaru, Catende, Macaparana, Sanharó e Vicência. Ao todo, deverão serão cadastrados biometricamente 6.154.816 eleitores nos próximos meses.
Eleições de 2010 – Nas eleições de 2010, 1.136.140 eleitores cadastrados de 60 municípios de 23 estados brasileiros participaram do pleito votando em urnas eletrônicas modelo UE 2009, com leitor biométrico acoplado.
A nova tecnologia foi utilizada por eleitores de cidades do Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.
Processo é irreversível
Não há desvantagens no processo de votação biométrica, segundo o corregedor do TRE, Saulo Fabianne, representante da instituição em Caruaru.
De acordo com ele, a verificação de digitais antes de os eleitores irem às urnas garante mais segurança às disputas.
Ele explicou que a biometria é ´um caminho sem volta`. ´A meta do TSE neste ano é que 10% dos eleitores votem de forma biométrica`, assegurou.
O recadastramento foi aberto, ontem, em mais cinco municípios do interior estadual: Aliança, Catende, Macaparana, Sanharó e Vicência. Só vota em 2012 eleitor que se recadastrar.
´A biometria não é uma imposição, mas um estudo técnico. Garantimos, contudo, que não queremos dificultar a vida de ninguém`, declarou o corregedor.
Ele acrescentou que o novo título será o primeiro passo para que os cidadãos recebam o novo documento único de identificação. Chamado Registro de Identificação Civil (RIC).
De acordo com Saulo Fabianne, a escolha dos municípios foi definida por técnicos do TRE. Ele descartou, no entanto, que o critério fosse indícios de fraude nas eleições.
´Os juízes eleitorais estão identificando as prioridades de cada município. Se houver necessidade, vamos trabalhar em finais de semana e feriados`, pontuou, garantindo que vai dar tempo para recadastrar os eleitores.
Segundo ele, a biometria vai cancelar inscrições de quem não tem domicílio eleitoral em Caruaru ou de eventuais fantasmas. Para o deputado estadual Tony Gel (DEM), que esteve presente no evento, a identificação digital ´vai ser a verdade das urnas`.
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