quarta-feira, 23 de maio de 2012

A agressão virou regra geral nas CPIs


Coluna Fogo Cruzado – Folha de Pernambuco – 23 de maio
Um dos espetáculos mais deprimentes verificados ontem na “CPI do Cachoeira” foi o não depoimento de Carlos Augusto Ramos, que vem a ser o próprio Cachoeira. Mas a baixaria não foi protagonizada por ele, notório contraventor em Goiás, e sim por deputados e senadores que integram a Comissão. Nunca se viu tanta arrogância, tanta falta de educação e de respeito a uma pessoa que lá compareceu na condição de réu e tinha o direito constitucional de ficar calado, como de fato ficou.
Não se trata de desconhecer os muitos crimes praticados por ele porque isto já foi esclarecido pela Polícia Federal em mais de dois anos de investigação. No entanto, num claro desrespeito à sua pessoa, ele foi chamado ontem de “bandido”, “múmia”, “cínico”, “chefe de quadrilha” e “cara de pau”, porque, seguindo orientação do seu advogado, Márcio Thomaz Bastos, optou pelo silêncio para não produzir provas contra si próprio, reservando-se o direito de falar apenas em juízo.
Faltar com o respeito aos depoentes virou regra geral nas CPIs da Câmara e do Senado. Isso foi visto na do Orçamento, na de PC Farias, na dos Correios, etc. Agride-se desnecessariamente os interrogados como se o papel da Comissão não fosse apurar, e sim jogá-los na fogueira da Inquisição. O mais agressivo de todos tem sido o deputado gaúcho Ônix Lorenzoni como se fosse o paladino da ética e da moralidade. Urge, portanto, criar uma nova CPI para dar estilo à do Cachoeira.
Tercius 1- Discutiu-se muito ontem, na cúpula nacional do Partido dos Trabalhadores, a hipótese de Humberto Costa ser convocado por Lula para ser o candidato do partido à prefeitura do Recife. A cúpula avalia que o prefeito João da Costa e Maurício Rands inviabilizaram-se.
Tercius 2 – A candidatura de Humberto Costa seria do agrado de Eduardo Campos porque o 1º suplente do senador é o ex-deputado Joaquim Francisco (PSB). Este último, inclusive, no auge da briga dos petistas, chegou a ter o nome cogitado para ser candidato do PSB à prefeitura.
O golpe – Caso a executiva nacional do PT, na reunião de amanhã, anule as prévias do Recife, o 1º petista a subir à tribuna da Câmara para acusá-la de “golpista” será o deputado Fernando Ferro, aliado do prefeito João da Costa. Ferro cumpre o 5º mandato na Câmara Federal e é tido no partido como “bom briga”. Ele é um excelente polemista e não leva desaforos para casa.
O vazio – Começa a perder força na Frente Popular a tese da “candidatura alternativa” à PCR proposta pelo senador Armando Monteiro (PTB). A tese pode ser correta, em razão das brigas do PT, mas cai no vazio por falta de candidato. O nome cogitado foi o do próprio senador, mas ele parece está-se resguardando para a batalha eleitoral de 2014 (candidato a governador).
A exclusão – Quem tem uma grande vontade de disputar a PCR é o deputado Paulo Rubem (PDT), que todas as segundas-feiras promove um seminário para montar um programa de governo. Mas o presidente do partido, José Queiroz, é contra a tese da candidatura própria.
A agressão – Partidários do prefeito João da Costa, à frente a líder comunitária do bairro do Pina, Elides Queiroz, velha aliada da finada União por Pernambuco, montou uma claque domingo passado para agredir o senador Humberto Costa, aliado de Rands, no campo moral.
É de paz – Mesmo que não consiga novas alianças para disputar a prefeitura de Petrolina, o deputado Odacy Amorim (PT) teria entre 10 e 15% dos votos, segundo cálculo de políticos de lá. Se não for agredido por seu ex-partido (PSB), fará uma campanha também sem agressões. Mas, se tentarem humilhá-lo, pode fazer “aliança branca” com o prefeito Júlio Lossio (PMDB).
As fotos – O fotógrafo Marcelo Patriota fez cerca de 600 fotos de Eduardo Campos durante a passagem dele por Itapetim na semana passada. Há fotos do governador com crianças, jovens e idosos, o que levou o prefeito Adelmo Moura (PSB) a comprar todas para dar de presente aos fotografados.
O traidor – Roberto Magalhães (DEM) resolveu contar em seu “livro-depoimento” a história de um ex-prefeito de Tabira que o tomou como compadre, quando estava governador, e dois anos depois o abandonou, votando nos candidatos da oposição ao governo estadual: Miguel Arraes e Carlos Wilson (1986).

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