sábado, 10 de março de 2012

Cidade de Machados registra mais de dois anos sem homicídios

Oitenta câmeras foram espalhadas pelo município de 60 quilômetros quadrados para garantir a vigilância

Publicado em 10/03/2012, às 09h17

Carlos Eduardo Santos

Central de vigilancia fica na sala da delegacia com o delegado Raimundo Arruda / Alexandre Gondim/JC Imagem

Central de vigilancia fica na sala da delegacia com o delegado Raimundo Arruda

Alexandre Gondim/JC Imagem

O município de Machados, no Agreste pernambucano, é um dos menores do Estado, com 60 quilômetros quadrados de território, pouco maior que o bairro recifense da Guabiraba, na Zona Norte. Nunca foi dos mais violentos, mas também é um dos mais vigiados. Com 80 câmeras espalhadas pela cidade – Recife, com uma população 100 vezes maior, tem 252 equipamentos – Machados já contabiliza dois anos e três meses sem homicídios.
A iniciativa de instalar as câmeras foi da prefeitura, em uma das raras participações dos governos municipais na questão da segurança pública em Pernambuco. Até o fim do ano, o Executivo municipal pretende aumentar para 150 a quantidade de equipamentos, levando os olhos da polícia para a zona rural.

O monitoramento eletrônico, que começou a ser feito há aproximadamente um ano, tem mudado a rotina dos moradores da cidade. Tem gente que, sem garagem em casa, procura estacionar o carro um pouco mais longe de onde mora, mas no alcance das câmeras. Outros acham exagero a quantidade de equipamentos para o tamanho da cidade e diz que o monitoramento não trouxe mudanças significativas na redução da violência.
Para o delegado da cidade, Raimundo Arruda, Machados só teve ganhos até agora. Segundo ele, a quantidade de inquéritos está quase zerada. “Já descobrimos autores de pequenos furtos por causa das câmeras. Fora isso, estamos há mais de dois anos sem registrar um homicídio. No fim do ano passado, ficamos sem nenhum inquérito e as câmeras ajudaram para que isso acontecesse.”
O último assassinato registrado no município aconteceu, segundo a polícia, em 2 de dezembro de 2009, quando Carlos José da Silva, 31 anos, foi morto a facadas na zona rural. O inquérito do caso já foi concluído com indícios de autoria e encaminhado à Justiça.
De acordo com o prefeito de Machados, Manuel Plácido Filho, a ideia de instalar câmeras surgiu durante discussão sobre a forma de diminuir a violência no município.
“Vi essa experiência em capitais e pensei: por que não trazer para nossa cidade? A intenção era fazer algo diferente para inibir a criminalidade. Agora vimos que deu certo e vamos ampliar o projeto, levando câ-meras para a zona rural”, explicou o prefeito que comemora os dois anos sem homicídios na cidade. “Agora, a terra da banana é conhecida como a terra sem homicídios”, completou.
BARREIRA - Mesmo inovando e enchendo a cidade de câmeras, o monitoramento eletrônico em Machados sofre um problema: a falta de efetivo policial. Na delegacia local existe apenas o delegado e um policial de plantão diariamente.
Já no destacamento da Polícia Militar que fica na cidade e é ligado ao 22º Batalhão, apenas três PMs fazem as rondas por dia. Com isso, não há efetivo para monitorar as imagens das câmeras durante 24 horas, o que seria o ideal. Dessa forma, apenas quando estão com tempo livre, os policiais ficam de olho na tela que reproduz as cenas captadas pelos equipamentos. As imagens ficam gravadas por 15 dias para consulta da polícia.

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